segunda-feira, 18 de abril de 2011

Narrativas cinematográficas

A construção de uma narrativa cinematografia obedece a diversos critérios assim como um projeto arquitetônico corresponde a determinadas opções. Há uma construção narrativa que se pode considerar simples e outra que se desenha como complexa.

Dois tipos de estruturas, portanto, mas que se deve ter em conta e ressaltar que a simplicidade ou a complexidade são noções exclusivamente inerentes ao como do discurso e não à sua coisa. Isto quer dizer: pode haver histórias intrincadíssimas mas de estrutura simples, elementar, e, pelo contrário histórias lineares, com começo, meio e fim e progressão dramática tradicional mas que se tornam intrincadas por uma disposição particular dos segmentos narrativos.

Dentre as narrativas de estruturas simples estão: a linear, a binária e a circular.

Narrativa linear

Percorrida por um único fio condutor que se desenvolve de maneira seqüencial do princípio ao fim sem complicações ou desvios do caminho traçado. A narrativa de estrutura linear é a de mais fácil leitura e é concebida de modo a respeitar todas as fases do desenvolvimento dramático tradicional. O esquema que se obedece é aproximadamente o seguinte:
a) introdução ambiental;
b) apresentação das personagens;
c) nascimento do conflito;
d) conseqüências do conflito;
e) golpe de teatro resolutório.

Este esquema da narrativa linear repete ao pé da letra o que era a estrutura base do romance psicológico do século XIX. Incluem-se nesse tipo de narrativa aquela nas quais o elemento poético e metafórico é reduzido ao mínimo e os motivos de interesse residem exclusivamente na fábula (story), excetuando-se os eventuais casos de erosão dentro do referido esquema - que se constituem uma exceção à regra.

Amor e inocência



Elenco: Anne Hathaway, Julie Walters, 
James McAvoy, Maggie Smith,
Jessica Ashworth.

Direção: Julian Jarrold
Gênero: Romance
Duração: 120 min.
Distribuidora: Focus Filmes

Sinopse: 

O filme é um drama romântico reproduz a biografia da escritora Jane Austen, focada na sua juventude, antes da fama, quando teve um romance com um jovem irlandês.



Narrativa binária

Este tipo de narrativa é percorrido por dois fios condutores a reger a ação como só acontece nos casos de narrativas paralelas baseada na coexistência de duas ações que podem entrecruzar-se ou manter-se distintas. Garantia certa de tensão dramática, a binária é empregada em fitas de ação - thrillers, westerns, etc - porque valoriza o paralelismo e o simultaneismo, fornecendo, assim, amplas possibilidades de impacto. Exemplo clássico da narrativa binária está em David Wark Griffith (Intolerância, 1916, O lírio partido, 1918, Broken blossoms no original). A linguagem cinematográfica tomou impulso com a descoberta da ação paralela e da inserção de um plano de detalhe no plano de conjunto.


Intolerância


 Sinopse:  

O filme fala da intolerância através dos tempos, através de quatro histórias paralelas. Planejado como um grande libelo contra o ódio em vários momentos da história da humanidade, INTOLERÂNCIA é considerado um dos mais importantes filmes da história do cinema mundial.






Narrativa circular

Este tipo de narrativa tem lugar quando o final reencontra o início de tal modo que o arco narrativo acaba por formar um círculo fechado. É menos frequente e mais ligada a intenções poéticas precisas com um propósito de oferecer uma significação da natureza insolúvel do conflito de partida e denota a desconfiança em qualquer tentativa para superar a contradição assumida como motor dramático do filme. A significação implícita a este gênero de escolha estrutural poderia ser: "as mesmas coisas repetem-se". Em A faca na água (Noz W Wodzie, Polônia, 62), o primeiro longa metragem de Roman Polansky, assim como também em O fantasma da liberdade (Le fantôme de la liberté, 74) de Luis Buñuel, e Estranho Acidente (Accident, 68), de Joseph Losey, para ficar em três exemplos, as coisas que se observam no início voltam a surgir no final, a despeito das tentativas registradas pela narrativa para se libertar delas e da sua influencia nefasta. A construção das obras citadas obedece e exprime a visão do mundo de seus autores do que, propriamente, à matéria da fábula, que pode se apresentar tranquila e jocosa e destituída de relevância maior.

Old Boy

Título original: (Oldboy)
Lançamento: 2004 (Coréia do Sul)
Direção: Park Chan-wook
Atores: Choi Min-sik, Yoo Ji-tae, Gang Hye-jung, Chi Dae-han.
Duração: 120 min
Gênero: Suspense

Sinopse:

1988. Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3 anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para casa de uma cabine telefônica e logo em seguida desaparece, dexando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha. Pouco depois ele percebe estar em uma estranha prisão, que na verdade é um quarto de hotel onde há apenas uma TV ligada, no qual recebe pouca comida na porta e respira um gás que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV ele descobre que é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa, o que faz com que tente o suicídio. Sem obter sucesso, ele passa a se adaptar à escuridão de seu quarto e a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo obrigado a cumprir sem saber o porquê.
 

Dentre as narrativas de estrutura complexa estão: a estrutura de inserção, a estrutura fragmentada e a estrutura polifônica.

Narrativa de inserção

 Consiste numa justaposição de planos pertencentes a ordens espaciais ou temporais diferentes cujo objetivo é gerar uma espécie de representação simultânea de acontecimentos subtraídos a qualquer relação de causalidade. Os segmentos narrativos individuais interatuam entre si, produzindo, com isso, uma complicação ao nível dos significantes que potencializa o sentido global do discurso. A contínua intervenção do flash-back pode provocar um entrelaçamento temporal que esvazia a noção do tempo cronológico em favor do conceito de duração. Por outro lado, as frequentes deslocações espaciais conferem aos lugares uma unidade de caráter psicológico mas não de caráter geográfico. Na narrativa de inserção, a realidade é vista de modo mediatizado, isto é, a realidade é refletida pela consciência do protagonista ou pela do realizador omnisciente. Seguem esta narrativa de inserção filmes como 8 ½ (Otto e mezzo, 64), de Federico Fellini, A guerra acabou (La guerre est finie, 66), Providence, entre outros trabalhos de Alain Resnais, Morangos Silvestres (Smulstronstallet, 57) de Ingmar Bergman, etc. Nestes exemplos, o receptor/espectador é posto diante de um desenvolvimento narrativo que não é lógico mas puramente mental: o velho Professor Isaac contempla a própria infância (Bergman), o cineasta Guido (Marcello Mastroianni) no cemitério conversa com seus pais já falecidos (Fellini), a projeção do desejo de um escritor moribundo (John Gielgud) imaginando situações (Resnais). O desenvolvimento puramente mental determina, por sua vez, um jogo de associações visuais e emotivas que cria um universo fictício exclusivamente psicológico.

Uma mente brilhante

Título original: (A Beautiful Mind)
Lançamento: 2001 (EUA)
Direção: Ron Howard
Atores: Russell Crowe, Ed Harris, 
Jennifer Connelly, Paul Bettany.
Duração: 135 min
Gênero: Drama

O roteiro segue a trajetória da vida de John Nash (Russell Crowe), um matemático e pesquisador tão genial quanto perturbado. Em sua busca incessante por uma “idéia original”, Nash transforma seus estudos na Universidade de Princeton em verdadeira obsessão. Tem problemas de relacionamento, mal consegue pensar em outro assunto que não seja a Matemática e sua incrível capacidade de decifrar códigos e padrões acaba lhe rendendo um emprego no governo norte-americano. Sempre escudado pela dedicada esposa Alicia (Jennifer Connelly, a ex-garotinha de Era uma Vez na América), Nash passa a misturar realidade e ficção, dando início a um doloroso processo de esquizofrenia. 


Narrativa fragmentada

Estrutura-se pela acumulação desorganizada de materiais de proveniência diversa, segundo um procedimento análogo ao que, em pintura, é conhecida pelo nome de colagem, a unidade, aqui, não é dada pela presença de um fio narrativo reconhecível, porém pela ótica que preside à seleção e representação dos fragmentos da realidade. Se, neste caso, da narrativa fragmentária, a intenção oratória do cineasta prevalece sobre a fabulatória, mais acertado seria considerar o filme como um ensaio do que um filme como narrativa. A expectativa de fábulas, no entanto, encontra-se presente no homem desde seus primórdios e o cinema, portanto, desde seu nascedouro possui uma irresistível vocação narrativa. Poder-se-ia, então, ainda que esta irrefreável expectativa do receptor diante de um filme, falar de um cinema-ensaio ao lado de um cinema-narrativo. O exemplo de, novamente Alain Resnais, Meu tio da América (Mon oncle d'Amerique) vem a propósito, assim como Duas ou Três Coisas Que Eu Sei Dela (Deux ou trois choses que je sais d'elle, 66) de Jean-Luc Godard - um minitratado sobre a reificação que ameaça o homem na sociedade de consumo, La hora de los hornos (68), de Fernando Solanas - obra nascida como ato político que utiliza documentos, entrevistas, cenas documentais e trechos com o objetivo de proporcionar a tomada de consciência revolucionária por parte do espectador.

Camisa de força

Título original: (The Jacket)
Lançamento: 2005 (EUA)
Direção: John Maybury
Atores: Adrien Brody, Keira Knightley, 
Jennifer Jason Leigh, Kris Kristofferson.
Duração: 103 min
Gênero: Ficção

Sinopse:
Jack Starks (Adrien Brody) é um veterano da Guerra do Golfo que retorna à sua cidade natal, após se recuperar de ter recebido um tiro na cabeça. Jack sofre atualmente de amnésia, sendo que após ser acusado de ter assassinado um policial é recolhido a um hospital psiquiátrico. Lá o dr. Thomas Becker (Kris Kristofferson) faz com que Jack tenha drogas experimentais injetadas em seu corpo, como parte de testes para um novo tipo de tratamento. Imobilizado em uma camisa de força, Jack constantemente é trancado por um longo tempo em uma gaveta de cadáveres, no necrotério da clínica em que está. Completamente drogado, a mente de Jack consegue se projetar para o futuro, no qual conhece Jackie Price (Keira Knightley) e descobre que ele próprio irá morrer daqui a 4 dias.


Narrativa polifônica

Estrutura-se pelo número de ações apresentadas que confere uma feição coral à narrativa, impedindo-a de afirmar-se de um ponto de vista que não seja o do realizador-narrador. Os acontecimentos que se entrelaçam são múltiplos, dando a impressão de um afresco, que se forma pelas situações captadas quase a vol d'oiseau. Utilizando-se desse tipo de narrativa complexa, o cineasta capta de maneira sensível, se capacidade houver, o clima social de uma determinada época, como fez Robert Altman em Nashville (1975). Neste filme, vinte e quatro histórias se entrecruzam para compor um mosaico revelador da realidade dos Estados Unidos durante a década de 70. Outro exemplo do mesmo Altman é Short cuts. (Short cuts, EUA, 91).As estruturas examinadas são todas elas do tipo fechado, segundo as coordenadas estabelecidas por René Caillois.
Porque, assim fechadas, estas estruturas servem de suporte à narrativas concluídas do ponto de vista de seu desenvolvimento, não importando o seu significado poético. Existem, no entanto, casos de estruturas abertas, nas quais a conclusão do discurso é deixada em suspenso ou então prolongada para além do filme. O que caracteriza a obra cinematográfica como um trabalho em devir, um filme que busca ainda o seu desfecho ou, então, como um texto que se oferece à meditação do espectador. Em Apocalypse now (1978), de Francis Ford Coppola, o cineasta apresenta três finais todos igualmente legítimos e solidários com o contexto narrativo. Já em Dalla nube nulla ressitenza (81), de Jean-Marie Straub, formado por blocos de sequências fixas, a solução final é deixada ao subsequente trabalho de reflexão do espectador/receptor. Trata-se de uma obra que faz uma reflexão, por meio de representações dialogais, sobre a passagem da idade feliz do Mito para a idade infeliz da História.O caráter aberto da narração, todavia, em nada desfalca a contextualidade orgânica do discurso, contextualidade que se mantém íntegra apesar da suspensão da fábula. A solidariedade estrutural, ressalte-se, constitui a conditio sine qua non de qualquer discurso cinematográfico que pretenda considerar-se artístico.

Nashville



Diretor: Robert Altman
Elenco: Karen Black, Ronee Blakley, Keith Carradine, Geraldine Chaplin.
Produção: Robert Altman
Roteiro: Joan Tewkesbury
Fotografia: Paul Lohman
Trilha Sonora: Arlene Barnett
Duração: 159 min.
Ano: 1975
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Paramount Pictures
Sinopse: 
O filme conta a história de várias pessoas ligadas pela indústria musical em Nashville, como Barbara Jean (Ronee Blakley), rainha da música na cidade, e Opal (Geraldine Chaplin), jornalista britânico. A história deles e a de muitos outros irão se cruzar em um ambiente dramático, agravado pela instabilidade política e social da época.



Fontes:

  http://pt-br.paperblog.com/da-narrativa-cinematografica-47491/

http://cinema.cineclick.uol.com.br/

http://dtfilmesantigos.blogspot.com/2009/10/intolerancia-1916.html

http://www.telefilme.net/

domingo, 17 de abril de 2011

Avatar

Título original: Avatar

Lançamento: 2009 (EUA)

Direção:
James Cameron


Atores:

Sam Worthington, Zoe Saldana, Michelle Rodriguez, Sigourney Weaver.

Duração: 166 min

Gênero:
Ficção Científica

Sinopse:
Jake Sully (Sam Worthington) ficou paraplégico após um combate na Terra. Ele é selecionado para participar do programa Avatar em substituição ao seu irmão gêmeo, falecido. Jake viaja a Pandora, uma lua extraterrestre, onde encontra diversas e estranhas formas de vida. O local é também o lar dos Na'Vi, seres humanóides que, apesar de primitivos, possuem maior capacidade física que os humanos. Os Na'Vi têm três metros de altura, pele azulada e vivem em paz com a natureza de Pandora. Os humanos desejam explorar a lua, de forma a encontrar metais valiosos, o que faz com que os Na'Vi aperfeiçoem suas habilidades guerreiras. Como são incapazes de respirar o ar de Pandora, os humanos criam seres híbridos chamados de Avatar. Eles são controlados por seres humanos, através de uma tecnologia que permite que seus pensamentos sejam aplicados no corpo do Avatar. Desta forma Jake pode novamente voltar à ativa, com seu Avatar percorrendo as florestas de Pandora e liderando soldados. Até conhecer Neytiri (Zoe Saldana), uma feroz Na'Vi que conhece acidentalmente e que serve de tutora para sua ambientação na civilização alienígena.



Curiosidades

- A intenção inicial de James Cameron era rodar Avatar em 1999, logo após

Titanic (1997). Entretanto na época os efeitos especiais necessários teriam um custo em torno de US$ 400 milhões, o que inviabilizou o projeto;

- James Cameron se convenceu de que os efeitos especiais tinham atingido a qualidade desejada ao assistir o personagem Gollum, em
O Senhor dos Anéis - As Duas Torres
(2002);

- O anúncio de Avatar enfim aconteceu em 14 de junho de 2005, quando ainda se chamava "Project 880". Trata-se de um projeto paralelo a Battle Angel (2011), que usa o mesmo sistema de câmera digital 3D e estúdio de produção virtual;

- É o primeiro filme dirigido por James Cameron desde
Titanic
(1997);

- Um anúncio para o papel de protagonista foi publicado no site da Mali Finn Casting, em dezembro de 2005. Entretanto o anúncio continha um erro, dizendo que a contratação seria para Battle Angel (2011) ao invés de Avatar;

- As filmagens ocorreram entre 16 de abril e 1º de dezembro de 2007;

- Michael Biehn teve três reuniões com James Cameron, para que interpretasse o coronel Quartich. O ator chegou a ver algumas das cenas em 3D gravadas, mas foi descartado pelo próprio diretor. O motivo foi evitar semelhanças com
Aliens - O Resgate
(1986), também dirigido por Cameron, já que o elenco contava também com a presença de Sigourney Weaver;

- Avatar tem 40% de suas cenas gravadas com atores reais. O restante foi feito através de CGI;

- É o primeiro filme a ser exibido em 3D com legendas no Brasil;

- Foi a 6ª maior estréia nos cinemas brasileiros em 2009, com 770.477 espectadores;

- Foi relançado nos cinemas, apenas em versão 3D e com oito minutos a mais, em 2010.







Trailer:






Avatar, além de contribuir para a evolução do cinema dando-lhe o caráter de realidade, abre a porta para que, num futuro breve, o espectador venha a interagir com os personagens dos filmes. Além disso, Cameron cria uma belíssima história de amor em escala cósmica, na qual expõe a natureza humana em sua diversidade, a relação do homem com a ciência, a religião, o capitalismo, a natureza e o universo cósmico. Uma obra-prima.






O cinema na década de 2000

A década de 2000 contrariou as previsões mais pessimistas, que afirmavam que o cinema perderia sua força com as facilidades tecnológicas. Os musicais retornaram triunfantes, os heróis dos quadrinhos encontraram um porto seguro e o cinema brasileiro se impôs perante o mundo.


Moulin Rouge – Amor em Vermelho (Moulin Rouge – 2001)

Baz Lurhmann utiliza várias referências aos musicais clássicos para renovar o gênero. No mundo criado pelo diretor, não existe espaço para sutilezas, tudo é extravasado e carregado de simbolismos.
Utilizando compositores contemporâneos e canções populares para emoldurar o caso de amor entre uma cortesã (Nicole Kidman) e um poeta (Ewan McGregor), o diretor conseguiu atrair o público adolescente e cativar os que já sentiam falta da magia dos grandes musicais.


O Senhor dos Anéis – Trilogia (The Lord of the Rings – 2001/2002/2003)

Peter Jackson assumiu enorme responsabilidade ao capitanear a transposição dos livros de J.R.R. Tolkien. O estúdio acreditou em sua capacidade e investiu uma verba altíssima em um projeto de larga escala. Três épicos seriam gravados ao mesmo tempo na Nova Zelândia e o resultado foi uma aclamação unânime de público e crítica no mundo todo! O terceiro capítulo acabou vencendo o prêmio máximo no Oscar, quebrando um mito de que o cinema fantástico nunca iria vencer nesta premiação.


Cidade de Deus (2002)

Fernando Meirelles conseguiu seu passaporte para Hollywood com este épico urbano sensacional! Ao invés de copiar elementos do cinema estrangeiro, o diretor ousou criar algo completamente original. A realidade é que os estrangeiros estão copiando agora a estética do nosso cinema, como foi o caso de “Quem quer ser um Milionário?” do inglês Danny Boyle.



Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
(Eternal Sunshine of the Spotless Mind – 2004)

O roteiro brilhante de Charlie Kaufman versa sobre as conseqüências do esquecimento intencional de um amor. Com incrível originalidade e atuações esmeradas de Jim Carrey e Kate Winslett, considero este o romance da década.







A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen – 2006)


Na Alemanha nazista, Ulrich Mühe vive um agente que, de tanto acompanhar tudo o que se passa com o casal que está espionando, desenvolve afeição por eles. Um retrato pungente de como um regime cruel interferiu negativamente na vida de pessoas comuns.


O Nevoeiro (The Mist – 2007)

Simplesmente o melhor filme de terror da década! O ótimo diretor Frank Darabont pega a história de Stephen King e cria um suspense alicerçado na disputa cênica entre os atores, presos em um mercado após um misterioso nevoeiro tomar conta da cidade. A personagem de Marcia Gay Harden não veio de outro mundo, mas consegue incutir intenso pavor! Seu fanatismo religioso está presente no mundo real e dá muito mais medo que vampiros ou monstros espaciais.


Ratatouille (2007)

Em plena França, na cozinha de um conceituado restaurante, vive um ratinho chamado Remy. Ele tem um gosto diferente dos demais, adora cozinhar e acredita que um dia poderá ser chef. Com este ponto de partida original, os estúdios Pixar entregaram mais uma obra prima!





Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight – 2008)

Na década onde os heróis de quadrinhos invadiram a Sétima Arte, este projeto de Christopher Nolan ousou ir além da simples adaptação. Com o apoio de uma atuação irrepreensível do saudoso Heath Ledger, vivendo o irascível Coringa e um roteiro inteligente do próprio diretor e de seu irmão Jonathan Nolan, o filme foi um enorme sucesso de crítica e público. Um divisor de águas para o gênero tão importante quanto “Superman – O Filme” o foi na década de 70.


Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds – 2009)

Quentin Tarantino reescreve a Segunda Guerra Mundial e simbolicamente transforma uma sala de cinema no palco da batalha final. Um testamento da maturidade de um diretor que fez seu nome com muita coragem, “arrombando” as portas dos estúdios com sua criatividade aparentemente inesgotável!




Avatar (2009)

James Cameron apresenta ao público um possível futuro a ser galgado pela Sétima Arte. Seu trunfo não se encontra no roteiro ou nas atuações, mas sim na ousadia de se criar um mundo de possibilidades a serem trabalhadas pelos cineastas que virão. Uma garantia de que o cinema existirá enquanto houver mentes criativas e dispostas a oferecer ao mundo mais do que apenas imagens em movimento. O futuro está em boas mãos!

Fonte: http://www.cinema.com.br/

sábado, 16 de abril de 2011

A Cronologia do Cinema - Década de 1990

Os Independentes


À entrada da década de 90, os blockbusters continuavam a dominar Hollywood, mas os seus custos eram cada vez maiores e incomportáveis. Filmes com orçamentos de $100 e $200 milhões de dólares tornaram-se comuns devido aos custos dos efeitos especiais, mas principalmente devido aos salários das estrelas, que podiam atingir os $20 milhões de dólares por filme. Com estes custos grande parte das produções estavam condenadas a perder dinheiro, mas o sucesso de filmes como Exterminador Implacável 2, Parque Jurássico, Forrest Gump e, principalmente, Titanic, desafiavam a lógica e sustentavam a economia de Hollywood.
À medida que os blockbusters cresciam em espectáculo e em custos surgiam no mercado filmes de menor orçamento, mas de maior qualidade e que aos poucos começaram a ganhar o seu espaço. Iniciado com a criação do Instituto Sundance na
década de 80, este “movimento”, que incluía realizadores como Quentin Tarantino, Kevin Smith, os irmãos Cohen, Todd Solondz, entre outros, soube tirar proveito do mercado, explorando de uma forma extremamente eficaz os diversos canais de distribuição de filmes: vídeo, canais por cabo, internet, salas de cinema, etc.
Hollywood viu-se, então, confrontada com uma nova realidade, que teve o seu ponto alto no final da década quando a produtora independente Miramax dominou, quase por completo, os
Óscares. Mais surpreendida ficou quando o filme de baixo orçamento O Projecto Blair Witch (1999) arrecadou mais de $140 milhões de dólares, tornando-se num dos mais lucrativos filmes da história do cinema e obrigar Hollywood a levar a sério a internet como meio de comunicação.
Por detrás das câmaras, Hollywood também estava em transformação: a Disney tornou-se numa das mais poderosas empresas cinematográficas; a
Orion Pictures, fundada em 1978, foi à falência em 1991 e três anos mais tarde o realizador Steven Spielberg, o ex-executivo da Disney Jeffrey Katzenberg e o magnata da música David Geffen formaram o primeiro estúdio de Hollywood em décadas, a Dreamworks SKG. Mas a transformação mais significativa dá-se a nível técnico, com o formato digital a abrir novas possibilidades, quer a nível de realização e montagem dos filmes, quer na distribuição destes. A verdadeira revolução digital a que se assistiu possibilitou a proliferação de novos realizadores, que de uma forma mais barata conseguiam realizar e distribuir os seus filmes.
Num mundo cada vez mais global e ajudado pelo movimento dos independentes nos Estados Unidos, diversas cinematografias nacionais começaram a ganhar o seu espaço: os filmes de Hong Kong, onde se destacam os protagonizados por Jackie Chan e Chow Yun-Fat, ganham cada vez maior aceitação no ocidente; Jane Campion e Peter Jackson dão uma nova força à cinematografia da Nova-Zelândia; Regresso a Howards End, Jogo de Lágrimas, entre outros reforçam a imagem de qualidade da Grã-Bertanha; na Dinamarca surge o único movimento cinematográfico da década (Dogma 95) e a Itália consegue a honra de ter dois filmes candidatos ao Óscar de melhor filme.


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1990- O investidor italiano Giancarlo Paretti assume o controlo da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), pouco antes de ser condenado por fraude num tribunal do seu país.
- A gigante japonesa da electrónica de consumo Matsushita Industrial compra a
MCA/Universal.
- A Time Warner adquire os direitos videográficos dos filmes da
United Artists.
- O salário de $13 milhões de dólares que Arnold Scharzenegger terá recebido pela sua participação em Desafio Total dá novo alento à controvercia sobre o escandaloso aumento dos salários das estrelas de cinema.
- O número de
drive-ins, nos EUA, diminui para menos de 1000.
- Diversos realizadores, entre eles Martin Scorsese, criam a Film Foundation, que tem como objectivo promover a preservação de filmes.


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1991- Muito embora o sucesso de Silêncio dos Inocentes, a Orion Pictures enfrenta uma grave crise financeira. Sem dinheiro para promover e distribuir os filmes que tem em carteira, adia as suas estreias e acaba por declarar falência.
- O banco Credit Lyonnais, o maior credor da MGM, força Giancarlo Paretti a abdicar do controlo do estúdio, cujos filmes continuam a revelar-se verdadeiros fracassos de bilheteira.
- Os filmes A Malta do Bairro e New Jack City, dramas sobre os ghettos norte-americanos, provocam violência nas salas de cinema.
- Barton Fink, dos irmãos Coen, é o primeiro filme a ganhar os três principais prémios do
Festival de Cinema de Cannes (Palma de Ouro, melhor realizador e melhor actor).
- Cyrano de Bergerac ganha uns impressionantes 10 Césars, os prémios franceses equivalentes aos Óscares.
- Tilai, filme vencedor do prémio especial do júri de Cannes, confirma Idrissa Ouedraogo, do Burkina Faso, com uma das principais realizadoras do continente africano.
- Os filmes norte-americanos dominam 86% do mercado egípcio.


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1992- O valor gasto pelos norte-americanos no aluguel ou compra de filmes representa o dobro do que gastam em bilhetes de cinema.
- Diversos estúdios cinematográficos mudam os seus responsáveis pela produção; a MGM abandona as suas famosas instalações em Culver City, na Califórnia, que são ocupadas pela Sony.
- Malcom X, do realizador Spike Lee, é financiado por elementos da comunidade negra de Hollywood, mas o filme gera controvérsia entre a comunidade, nomeadamente entre alguns intelectuais, que questionam a capacidade de Lee em “contar” a história do carismático lider.
- Receando violência, os estúdios de Hollywood encerram mais cedo no dia em que é anunciado o veredicto do caso Rodney King (um negro espancado por polícias brancos).
- Instinto Fatal, famoso pelas suas cenas ousadas, torna Sharon Stone numa estrela de cinema.
- O canal de televisão britânico BBC é criticado pelo Parlamento por transmitir o filme A Última Tentação de Cristo.
- O parque temático Eurodisney abre as suas portas em Paris.
- As autoridades sul-coreanas permitem a distribuição do filme White Badge, o primeiro filme anti-guerra do país.


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1993- A Disney compra a distribuidora independente Miramax.
- Mais de 3/4 das casas norte-americanas com televisão também possuem gravadores de VHS.
- A detenção de Heidi Fleiss, cujos serviços de prostituição eram utilizados por muitas celebridades em Hollywood, cria um escândalo nacional.
- As mortes de Brandon Lee e River Phoenix abalam a comunidade cinematográfica americana: Lee, filho do actor Bruce Lee, foi vítima de um acidente com uma pistola enquanto filmava uma cena do filme O Corvo; Phoenix faleceu à porta de uma discoteca, vítima de uma mistura de álcool e drogas.
- França consegue manter a taxa de importação de filmes norte-americanos durante as negociações sobre as tarifas de comercio internacional.
- O filme francês Germinal, com Gerard Depardieu e realizado por Claude Berri, torna-se no filme europeu mais caro de sempre, com um custo total de 175 milhões de francos.


» 1994
- Los Angeles é abalada por um tremor de terra que destrói algumas instalações cinematográficas.
- A Viacom adquire a
Paramount Pictures.
- A Sony declara milhões de dólares de prejuízo nos seus investimentos cinematográficos e despede Peter Guber, executivo responsável pela divisão de filmes.
- Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen criam o estúdio DreamWorks SKG.
- O visionamento dos filmes candidatos aos Óscares em cassetes VHS, em vez de nas salas de cinema, é pratica comum entre os membros da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas que votam nos prémios.
- Ao não ganhar o óscar para melhor documentário, Hoop Dreams leva a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas a rever as suas regras para a votação nessa categoria.
- Documentos internos de uma tabaqueira norte-americana revelam que pagou $1 milhão de dólares, entre 1979 e 1983, para que os seus cigarros surgissem claramente em 22 filmes.
- O Independent Film Channel, canal de filmes independentes, inicia a sua emissão.
- Quentin Tarantino ganha a Palma de Ouro do Festival de Cannes, com Pulp Fiction.
- Após o sucesso de filmes como Ace Ventura: Detective Animal e A Máscara, Jim Carrey torna-se o novo rei da comédia norte-americana.
- A Grã-Bretanha adopta medidas ainda mais rígidas que impedem a distribuição e exibição de filmes violentos.
- O filme britânico Quatro Casamentos e um Funeral torna-se um sucesso inesperado, inclusive nos Estados Unidos.
- A Irlanda bane o filme Assassinos Natos.
- Diversas nações Árabes banem o filme norte-americano A Lista de Schindler, devido ao sexo e violência.


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1995- Os custos de produção de um filme em Hollywood duplicam em 5 anos.
- Robert Redford, actor e fundador do Festival Sundance, cria o canal por cabo Sundance para a exibição de filmes independentes.
- William Groom, autor do livro em que foi baseado o filme Forrest Gump, desafia a declaração da Paramount Pictures de que o filme teve um prejuízo de $62 milhões de dólares. As práticas contabilísticas dos estúdios de Hollywood passam, então, a ser mais escrutinadas.
- O Rei Leão atinge os 20 milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos.
- A exibição de A Última Sedução no canal HBO, antes da sua estreia nas salas de cinema, é um exemplo da crescente convergência entre os diversos meios de comunicação.
- O filme de animação da Disney Pocahontas tem a maior estreia da história do cinema ao ser exibido gratuitamente para 100 mil pessoas no Central Park de Nova Iorque.
- Os Rivais é a primeira longa-metragem de animação totalmente feita por computador.
- A cobertura jornalística do Festival de Cannes por diversos sites de internet e a grande campanha publicitária do filme Batman para Sempre, também na internet, confirmam a importância deste novo meio de comunicação na promoção e divulgação da sétima arte.
- O número de espectadores de cinema na China é estimado em 5 biliões, aproximadamente 4 vezes mais do que nos Estados Unidos. Perante estes números, Hollywood expressa o seu desejo em entrar no mercado chinês.
- A China não permite o realizador Yimov Zhang de participar no Festival de Nova Iorque deste ano porque um dos filmes do festival é The Gate of Heavenly Place, sobre os acontecimentos da Praça Tianamen, em 1989.


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1996- A cerimónia de entrega dos prémios norte-americanos Globos de Ouro é transmitida pela primeira vez na televisão.
- O Dia da Independência arrecada cerca de 100 milhões de dólares nos primeiros dias de exibição: à época, a estreia de maior sucesso na história do cinema.
- O sucesso de filmes em língua estrangeira nos Estados Unidos é tão baixo que a maioria não consegue arrecadar sequer $1 milhão de dólares, valor mínimo para que a distribuição de um filme seja rentável.
- O Carteiro de Pablo Neruda é o primeiro filme em língua estrangeira, desde Lágrimas e Suspiros (1973), a ser nomeado para o Óscar de melhor filme.
- A China pressiona a Disney a não produzir o filme Kundun, sobre a vida do Dalai Lama. Beijing ameaça impedir a empresa a entrar no lucrativo mercado chinês. A Disney avança para a produção do filme.
- Os Estados Unidos pressionam a China a combater a pirataria cinematográfica.


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1997- Nos Estados Unidos, os custos de produção e distribuição de um filme aumentam 150% no espaço de uma década.
- À excepção de Jerry Maguire, os filmes independentes dominam as nomeações dos Óscares deste ano.
- As bandas sonoras dominam a lista dos álbuns mais vendidos nos Estados Unidos.
- Titanic, a mais cara produção de sempre, desafia todas as expectativas e torna-se, também, o filme de maior sucesso de bilheteira do mundo.
- A produção cinematográfica britânica aumenta graças a incentivos fiscais e a fundos provenientes da lotaria nacional.
- A indústria cinematográfica dos países da ex-União Soviética atinge o seu ponto mais baixo: os filmes norte-americanos dominam os diversos mercados e muitos dos seus artistas emigram à procura de trabalho.
- O público chinês rejeita maioritariamente a produção nacional a favor dos filmes norte-americanos.


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1998- A Warner Bros. e a Disney reduzem a produção cinematográfica de forma a reduzirem custos. A Disney ressente-se do fraco retorno de Amada, que custou $80 milhões de dólares, e de Armageddon, que muito embora tenha sido o campeão de bilheteira do ano, teve dificuldades em recuperar os $200 milhões de dólares de orçamento.
- Titanic ganha 11 Óscares e iguala
Ben-Hur como o filme mais premiado de sempre.
- O fraco sucesso dos seus filmes faz com que Woody Allen tenha de cessar a colaboração com a equipa de produção com que trabalhava à mais de duas décadas.
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O Mundo a seus Pés encabeça a lista dos 100 melhores filmes norte-americanos do American Film Institut.
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E Tudo o Vento Levou volta a ser exibido nas salas de cinema, restaurado digitalmente e no formato original.
- O ministro da cultura francês anuncia a Maison du Cinema, um centro cultural dedicado aos estudos cinematográficos e preservação de filmes.
- Em Itália, onde 75% dos filmes exibidos são estrangeiros, uma greve dos profissionais de dobragem afecta seriamente a industria cinematográfica do país.
- No Japão, os filmes nacionais representam apenas 30% do mercado do país, o valor mais baixo de sempre.
- Titanic é o primeiro filme em língua inglesa a ter sucesso na Índia antes de ser dobrado em Hindu.


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1999- Nos Estados Unidos, o custo médio da produção de um filme desce 2,3%, segunda descida em 2 anos, confirmando a preocupação da industria no controlo dos custos de produção que tinham disparado anos antes.
- A quota de mercado dos filmes norte-americanos atinge os 70% na Europa. Na última década, o mercado não-americano passa a representar metade das receitas de um filme.
- Nos Estados Unidos, os leitores de DVD atingem a marca de 5 milhões de unidades vendidas.
- O Óscar honorário a Elia Kazan gera polémica devido à sua colaboração, na década de 50, com o
Comité de investigação de Actividades Anti-Americanas.
- Giancarlo Paretti, que controlou a MGM até ao início da década, é acusado de fraude nos Estados Unidos e investigado criminalmente noutros países.
- Devido a dificuldades financeiras, a Dreamworks desiste do seu plano de construir um complexo cinematográfico em Los Angeles.
- A MGM “ressuscita” a personagem James Bond e promove-a junto das gerações mais novas, com mais de 100 horas de programação na MTV.
- A fim de evitar a classificação de filme pornográfico, uma cena de orgia do filme De Olhos Bem Abertos, de Stanley Kubrick, é alterada digitalmente.
- O poder da internet como meio de comunicação é confirmada com o sucesso inesperado do filme de baixíssimo orçamento ($30 mil dólares) O Projecto Blair Witch. O filme obtém mais de $100 milhões de dólares de receitas de bilheteira graças à sua inteligente promoção na internet.
- Numa sala de cinema de Hollywood, a fila de espera para comprar bilhete para Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma começa 3 semanas antes do filme estrear.
- Em França, os filmes nacionais perdem 10% da quota de mercado, a maior descida na Europa em toda a década, passando a representar menos de 30% do mercado.
- O filme curdo Yol, realizado em 1982 por Yilmaz Guney, é exibido pela primeira vez na Turquia.


Fonte:  www.chambel.net

A Cronologia do Cinema - Década de 1980

Blockbusters, Parte II: As Sequelas



Após se ter reiventado na década anterior, a indústria cinematográfica norte-americana é dominada, nos anos 80, pelos blockbusters e pelas sequelas. Se em 1975 e 1977, Tubarão Guerra das Estrelas, respectivamente, demonstraram que existia uma vasta camada de público jovem que se sentia atraída por grandes espectáculos cinematográficos, O Império Contra-Ataca e O Regresso de Jedi provaram que o público queria mais do mesmo. Assim, a produção cinematográfica revelou-se uma competição para ver quem conseguia produzir o maior espectáculo, gerar mais sequelas, vender mais merchandising e, claro, gerar mais dinheiro.
O excesso, imagem de marca da década de 80, revelou-se em filmes como Caça-FantasmasRamboArma MortíferaAssalto ao Arranha-céus Batman, todos eles sucessos de bilheteira. Filmes dirigidos aos mais velhos tornaram-se escassos numa indústria que se reorganizou à volta do Verão e do Natal, períodos em que os mais jovens não têm aulas.
Dominado pelos filmes espectáculo, Hollywood viu o orçamento médio de um filme disparar vertiginosamente, grande parte gasto em publicidade e como forma de proteger os seus investimentos, os estúdios contratam criativos com provas dadas, pagos a peso de ouro. Neste cenário, alguns actores, “ajudados” pelos seusagentes, conseguiram salários verdadeiramente astronómicos, com base em complexos contratos que incluíam também parte dos lucros das receitas de bilheteira, e ganham um poder nunca antes visto.
Muito embora alguns falhanços comerciais, Hollywood manteve, durante a década, uma economia invejável, sustentada pelos sucessos de bilheteira, pela massificação dos gravadores de vídeo (VHS) e da televisão por cabo, assim como pelo aumento do domínio dos filmes norte-americanos nos mercados internacionais.
Preocupados em criar um espectáculo ainda maior que o anterior os grandes estúdios sentiam-se relutantes em apostar em histórias pouco convencionais e a procura de filmes de qualidade começou a ser preenchida, já no final da década, por empresas independentes como a New Line e a Miramax. Este movimento independente, que viria a consolidar-se nos anos 90, teve como pilar importante o Festival de Sundance, organizado pela Fundação com o mesmo nome criada pelo actor Robert Redford em 1980 para ajudar jovens realizadores. O Festival tornou-se numa excelente montra, revelando novos talentos e dando a conhecer filmes que dificilmente chegariam às salas de cinema. O mais importante filme revelado pelo Festival foi Sexo, Mentiras e Vídeo, que em 1989 transformou o panorama cinematográfico independente norte-americano e o próprio evento, confirmando que o cinema independente conseguia produzir filmes de qualidade e atrair público às salas de cinema.
Fora dos Estados Unidos, a década de 80 revelou-se um período prolífero em filmes de qualidade, embora as produções norte-americano dominassem os diversos mercados internacionais. Na Europa, realizadores como Bertrand Tavernier e Diane Kurys (França), Pedro Almodóvar (Espanha), Stephen Frears e Neil Jordan (Grã-Bertanha) são aclamados pelos seus filmes e aumentam o prestígio da produção europeia.
Na União Soviética, a década é um tempo de criatividade, resultado dos ventos de mudança que o país atravessa com a liderança de Mikhail Gorbachev. O 5º Congresso dos realizadores soviéticos, em 1986, marca uma nova era de abertura e independência na produção cinematográfica do pais. Nikita Mikhalkov, Andrei Tarkovsky e Tergiz Abuladze são apenas alguns dos realizadores cujos trabalhos marcam esta nova era da cinematografia soviética.
Também a atravessar um período de transformação, a China assiste a um rejuvenescimento cinematográfico, nomeadamente com a reabertura da Academia de Cinema de Beijing (fechada desde a Revolução Cultural nos anos 60) e cujos primeiros licenciados (Zhang Yimov, Chen Kaige, entre outros) dão um novo impulso ao cinema chinês e tornam-se internacionalmente conhecidos como a 5ª geração de realizadores chineses.


» 1980- Ronald Reagan, actor de filmes de série B, é eleito Presidente dos Estados Unidos.
- Sherry Lansing torna-se a primeira mulher à frente de um dos grandes estúdios de Hollywood. Lansing ocupa o cargo de presidente da 20th Century Fox durante dois anos.
- O sindicato dos actores de cinema e televisão entra em greve durante 10 semanas. A greve, que provocou o encerramento da produção cinematográfica, custou mais de $400 milhões de dólares de prejuízo.
- O filme de Michael Cimino As Portas do Céu, o mais caro à época e com três horas de duração, é um falhanço comercial e de crítica. Como consequência, o estúdio responsável pelo filme, a United Artists, entra em crise financeira, sendo, mais tarde, adquirido pela Metro-Goldwyn-Mayer.
- A empresa britânica Rank Organization cessa a sua produção cinematográfica e concentra as suas actividades apenas na distribuição e exibição de filmes.
- Os arquivos da Cinemateca Francesa são parcialmente destruídos por um incêndio.
- A Índia cria um organismo para a promoção dos seus filmes.


» 1981- A Metro-Goldwyn-Mayer finaliza a aquisição da United Artists.
- A Walt Disney expande o seu negócio à televisão por cabo com a criação do Disney Channel.
- O magnata do petróleo Marvin Davis adquire a 20th Centuty-Fox.
- O sindicato dos argumentistas entra em greve durante três meses.
- O Congresso Norte-Americano inicia inquéritos sobre o uso de drogas no mundo do espectáculo.
Ragtime é o primeiro filme do actor James Cagney em 20 anos.
- Uma nova versão de As Portas do Céu, com menos um quarto de duração, é novamente um fracasso de bilheteira.
- A sala de espectáculos de Nova-Iorque Radio City Music Hall exibe o filme Napoleon, realizado por Abel Gance em 1927, em três ecrãs.


» 1982E.T. – o Extra-Terrestre, de Steven Spielberg, estreia neste ano e bate A Guerra das Estrelas como o filme com maior número de espectadores.
- A famosa empresa de refrigerantes Coca-Cola compra a Columbia Pictures.
- A percentagem de filmes produzidos pelos grandes estúdios de Hollywood rodados fora dos Estados Unidos sobe 75% comparativamente com o ano anterior.
- O estúdio Columbia Pictures, o canal de televisão generalista CBS e a estação de televisão por cabo HBO criam a produtora Nova, que tornar-se-á, mais tarde, na Tri-Star Pictures.
- Embora apenas 10% dos lares norte-americanos tenham gravadores de vídeo (VHS), a receita da venda de filmes neste formato é já uma importante fonte de receitas.
- O canal de televisão britânico Channel 4 inicia as suas emissões e torna-se num dos pilares da produção cinematográfica do país, produzindo filmes que exibe após a sua exploração em salas de cinema.
- O governo polaco aumenta a pressão política sobre alguns artistas, entre os quais o realizador Andrej Wajda, e dissolve o sindicato de actores.


» 1983- Nos Estados Unidos, o preço médio de um bilhete de cinema ultrapassa os 3 dólares.
- A estreia do filme O Regresso do Jedi, que utiliza o sistema de som THX, desenvolvido pela empresa do realizador George Lucas, marca a aceitação do mercado a este sistema de som.
- Um incêndio de grandes proporções destrói parte dos cenários permanentes dos estúdios da Paramount Pictures, entre eles, o das ruas de Nova Iorque.
- O ministro francês Jack Lang torna-se o grande responsável pelo reavivar da produção cinematográfica francesa, nomeadamente pelas medidas que tornaram mais fácil o financiamento de filmes. A média de espectadores das salas de cinema francesas desce mais de 5% em relação ao ano anterior.
- Ingmar Bergman anuncia que abandona a realização após a estreia do seu último filme, Fanny e Alexander. Bergman regressaria ao trabalho no ano seguinte, filmando para televisão.
Gandhi torna-se o filme estrangeiro de maior sucesso na Índia.


» 1984- Nos Estados Unidos, as queixas de violência excessiva nos filmes leva à criação de uma nova classificação (PG-13), que avisa que um filme pode ter conteúdos não aconselháveis a menores de 13 anos.
- O Supremo Tribunal Norte-Americano declara que a gravação de filmes para uso pessoal não viola as leis de direito de autor.
- A Walt Disney cria a produtora Touchstone Pictures para a produção de filmes para um público mais adulto.Splash – A Sereia é o primeiro filme da produtora e revela-se um grande sucesso de bilheteira.
- O governo francês agracia o actor norte-americano Jerry Lewis, considerando-o um génio da comédia.
- França e a Walt Disney anunciam a construção de um parque temático em Paris.
- A produção cinematográfica italiana “resume-se” a 30 filmes neste ano, comparados com os 294 estreados em 1968.


» 1985- Mais de 25% dos lares norte-americanos possuem um gravador de vídeo (VHS).
- O magnata australiano dos meios de comunicação, Rupert Murdoch, compra a 20th Century Fox.
- Filmes pintados são exibidos pela primeira vez em televisão.
- O sucesso do filme Desesperadamente à Procura de Susana confirma a crescente importância dos filmes independentes.
- A personagem John Rambo, interpretada por Sylvester Stallone em Rambo, torna-se num controverso símbolo militar e político.
- A indústria cinematográfica britânica lança a promoção “O Ano do Cinema Britânico”, uma tentativa de contrariar a grande redução de subsídios à indústria por parte do governo de Margareth Thatcher.
- A produtora britânica Goldcrest excede-se na produção de Revolution, que conta com a participação de Al Pacino – na altura um dos mais caros actores norte-americanos. O filme revela-se um desastre de bilheteira e leva a produtora à falência.
- O filme erótico Emmanuelle termina a sua carreira de mais de 10 anos de exibição na sala parisiense Triomphe.
- Jean-Luc Godard é atingido na cara por uma tarte durante o Festival de Cinema de Cannes.
- O 1º Festival Internacional de Cinema de Tóquio gera controvérsia devido à censura a um filme sobre o autor de direita Yuko Mishima.
- O fim da ditadura no Brasil permite que temas sociais e políticos sejam abordados em filmes nacionais.


» 1986- A estreia de A Bela Adormecida, da Disney, em formato VHS vende mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos.
- Ted Turner compra o catálogo de filmes da MGM/United Artists.
- O produtor David Puttman torna-se no primeiro britânico a dirigir um grande estúdio de Hollywood, a Columbia Pictures. Puttman abandona o posto um ano depois devido aos muitos conflitos com os colegas.
- A colorização de filmes exibidos em televisão torna-se num problema artístico, nomeadamente, quando o realizador John Huston protesta contra a colorização do seu filmes Relíquia Macabra.
- A personagem interpretada por Sigourney Weaver em Aliens ganha o apoio de muitas femininistas.
- A diferença salarial entre estrelas norte-americanas mantêm-se, com Sylvester Stallone a ganhar $17 milhões de dólares por filme (o maior entre os homens) e Barbara Streisand a liderar as actrizes mais bem pagas ao receber $5 milhões de dólares por filme.
- Por razões económicas, a Thorn-EMI ve-se forçada a vender os seus interesses cinematográficos à Cannon Group, entre eles os famosos estúdios Elstree.
- O número de espectadores, em França, é apenas de 1.6 milhões.


» 1987- Los Angeles sofre um violento tremor de terra que provoca a interrupção da produção cinematográfica.
- É posto à venda o primeiro número da versão norte-americana da revista francesa Premiere.
- A personagem interpretada por Glenn Close em Atracção Fatal gera controvérsia e provoca discussões sobre as relações entre homens e mulheres.
- Os famosos estúdios ingleses Pinewood, conhecidos por “alojar” as filmagens da série James Bond, resumem-se a um espaço para a lugar.
- Em França, a crise cinematográfica agoniza-se com o fecho de cerca de 350 salas de cinema.
- A crise chega também à Dinamarca, que perde duas salas de cinema, em média, por mês.


» 1988- De acordo com o recente “Acto de Preservação de Filmes”, o governo norte-americano deve designar 25 filmes por ano que devem conter um aviso se forem pintados. O aviso referencia que os autores dos filmes não deram o seu consentimento para a utilização do processo.
- Nos Estados Unidos, o número de drive-ins desce para o seu valor mais baixo: 1500. No seu auge, existiam mais de 6.000 deste tipo de recintos.
- O número de filmes de terror produzidos em Hollywood duplica no espaço de 3 anos.
- Os argumentistas entram em greve por um período de seis meses, cujos custos são avaliados em $150 milhões de dólares.
- O filme E.T. – O Extra-Terrestre vende mais de 15 milhões de cópias VHS nos Estados Unidos.
- O Museu das Imagens em Movimento abre as suas portas em Londres.
- Os famosos estúdios britânicos Elstree são salvos, à última da hora, da demolição.
- Numa entrevista, o realizador francês Jean-Luc Godard, um dos mais conhecidos autores da Nouvelle Vague, declara que o “cinema está morto”.
- A atribuição do Urso d’Ouro do Festival de Berlim ao filme Red Sorghum é o reconhecimento das qualidades da cinematografia chinesa.
- O filme Little Woman, sobre uma jovem alienada, marca os ventos de mudança da União Soviética, liderada por Mikhail Gorbachev. O filme é um sucesso internacional.


» 1989- A Warner Communications funde-se com a Time, Inc. e criam a maior empresa mundial de entretenimento.
- A Columbia Pictures funde-se com a Tri-Star Pictures.
- A gigante japonesa Sony compra a Columbia Pictures e a Tri-Star Pictures à Coca-Cola por $3.4 bilhões de dólares e posteriormente funde-as à Guber-Peters Entertainment Company. Jon Peters e Peter Guber passam a chefiar a nova divisão cinematográfica da Sony.
- A indústria cinematográfica norte-americana reclama que a pirataria e as quotas de importação e distribuição internacionais lhe custam cerca de $1 bilião de dólares por ano.
A Fantástica Aventura de Bill e Ted é o primeiro filme do género “humor idiota” a ter sucesso junto do público, que se mantém até aos dias de hoje.
- A receita de mais de $8 milhões de dólares do filme Roger & Me é o valor mais alto conseguido por um documentário não-musical até então.
- O documentário A Verdade Contra Tudo, que prova que um homem tinha sido erradamente acusado de assassinato, ajuda a que a sentença seja revista.
- Numa tentativa de reavivar o mercado norte-americano para os seus filmes, a indústria francesa cria o 1º Festival de Cinema Francês em Nova Iorque.
- Realizadores sul-coreanos mostram o seu desagrado contra o domínio de filmes norte-americanos no país, soltando cobras em várias salas de cinema.



Fonte: www.chambel.net